A palavra Vampiro surgiu por volta do século XVIII. Tem
origem no idioma sérvio como Vampir, e sua forma básica é
invariável nos idiomas tcheco, russo, búlgaro e húngaro.
Lendas oriundas da Eslováquia e da Hungria, estabelecem que a
alma de um suicida deixava seu sepulcro durante as noites para atacar os
humanos, sugava o sangue e retornava como morcego para o túmulo, antes do nascer
do sol. Assim, suas vítimas também tornavam-se vampiros após a morte. As
civilizações da Assíria e Babilônia, também registram lendas sobre criaturas que
sugavam sangue de seres humanos e animais de grande porte. Outros mitos pregam
que as pessoas que morrem excomungadas, tornam-se mortos-vivos vagando
pela noite e alimentando-se de sangue, até que os sacramentos da Igreja os
libertem. Crianças não-batizadas, e o sétimo filho de um sétimo filho também se
tornariam vampiros.
A tradição judaico-cristã, prega a origem dos vampiros associada
aos personagens bíblicos Caim e Abel. Como é descrito, Caim foi amaldiçoado por
Deus pelo assassinato de seu irmão, Abel. Os Anjos do Criador foram até ele exigir que se redimisse.
Orgulhoso, recusou-se e acatou as punições impostas pelos Anjos. A partir deste
momento, Caim via-se condenado a solidão e vida eterna, temendo o fogo e a luz,
longe do convívio dos mortais.
Caim foi anistiado por Deus após sofrer durante uma era inteira.
De volta ao mundo terreno dos homens, fundou e fez-se rei da primeira cidade
chamada Enoque. Mas ainda temia a luz, o fogo, e a solidão da eternidade.
Passado-se muitos anos de prosperidade em Enoque, Caim ainda
sentia-se só devido a sua imortalidade. Abatido e desmotivado, acabou por
cometer outro grande erro: gerou três filhos, que posteriormente geraram outros.
Seguiram-se tempos de paz até que chegou o grande dilúvio e lavou toda a Terra.
Na cidade de Enoque, sobreviveram apenas Caim, seus filhos, netos e uns poucos
mortais. Caim recusou-se a reconstruir a cidade, pois considerava o dilúvio um
castigo divino por ter subvertido as leis naturais e gerado seres amaldiçoados
como ele. Assim, sua prole reergueu Enoque e assumiu o poder perante os mortais.
Após um período de paz e prosperidade, os sucessores de Caim
passaram a travar batalhas entre si. A autoridade dos governantes foi revogada,
e tanto os mortais como os membros da prole sentiam-se livres para fundar outras
cidades e tornar seu próprio rei. Dessa forma, os imortais ascendentes de Caim,
espalharam-se por toda a Terra.
Nesta versão da origem dos vampiros, vimos que tudo teve início com uma maldição divina
atribuída a Caim, e depois herdada por sua prole. Porém, torna-se muito difícil
estabelecer um limite entre os fatos e as lendas que circundam o mito vampírico,
já que boa parte destas informações confunde-se entre os relatos e pesquisas
históricas coerentes, com a ficção dos filmes e RPG’s.
Na lenda de Caim, a conotação do termo Vampiro ainda
está ligada apenas ao sentido de imortalidade, solidão e aversão a luz. A
relação estabelecida entre a longevidade e a sede pelo sangue (que caracteriza a
imagem mais comum dos vampiros), deve-se possivelmente, a personagens lendários
que viviam anos incalculáveis alimentando-se de sangue humano, após terem
firmado supostos pactos com entidades malignas. Outras versões são encontradas
em diferentes culturas, e todas combinam fatos históricos com a crendice
regional. Portanto, a maior parte dos povos possui uma entidade sobrenatural que
alimenta-se de sangue, imortal e considerada maldita. O mito do vampiro é um
ponto comum entre várias civilizações desde a Antigüidade.
Uma das maiores referências do mito vampírico é o sanguinário Vlad
Tepes (ou Vlad III), que existiu realmente no século XV na Transilvânia.
Porém, ele governou apenas a Valáquia, que era uma região vizinha. Apesar da
crueldade extrema com os inimigos, Vlad III não possuía nenhuma ligação com os
vampiros. O termo Drácula (Dracul, originalmente significa
Dragão) foi herdado de seu pai, Vlad II, que foi cavaleiro da Ordem do
Dragão. Provavelmente, a confusão se deu através da semelhança entre os termos
Drache, que era o título de nobreza atribuído à Vlad II, e
Drac que significa Diabo.
No Brasil também encontra-se mitos relacionados aos vampiros e
outros seres semelhantes. Neste caso, os registros entrelaçam-se com o rico
folclore das várias regiões do país. Desde os centros urbanos, até as áreas
menos desenvolvidas do Brasil, é comum ouvir-se relatos dos ataques sanguinários
de criaturas que perambulam pelas madrugadas. Na maioria das vezes, essas
histórias assemelham-se muito com as lendas européias.
Na mitologia indígena existe o Cupendipe, que apesar de
não possuir a sede de sangue caracterizada pelos vampiros, possui asas de
morcego, sai de sua gruta apenas durante a noite e ataca as pessoas usando um
machado.
Em Manaus, há relatos da presença de uma vampira que atacava os
moradores, sugando o sangue através da jugular e deixando marcas de dentes em
sua vítimas, exatamente como é contada nos cinemas. Após os ataques, a vampira
corria em direção a um rio e transformava-se em sereia, desaparecendo na água. A
Vampira do Amazonas possui a capacidade de transmutar-se e força física
descomunal.
Em maio de 1973 no município paulista de Guarulhos, foi
encontrado o corpo de um rapaz com as perfurações características em seu
pescoço. Esse é apenas um exemplo da hipotética ação de vampiros em zonas
urbanas. Neste caso, os relatos transcendem a fronteira da boataria e do
folclore.